terça-feira, 16 de agosto de 2011
Historia do Pais
A zona onde fica o Estado moderno da Eritreia tem alguns dos restos mais antigos de humanos e hominídeos no mundo, vestígios dos primeiros dias da nossa espécie. Investigadores Italianos descobriram em 1995 na aldeia de Buya no sudeste do país, o crânio de um hominídeo com mais de 1 milhão de anos, que representa um intermediário do Homo erectus e Homo Sapiens primitivo. Em Setembro de 1999 um grupo internacional de biólogos-marinhos e geólogos descobre na Eritreia a resposta para algumas das questões mais importantes sobre a evolução dos humanos: quando os nossos primeiros antepassados começaram a utilizar ferramentas para a pesca, quando e como migraram os primeiros humanos de África. Foram descobertas na baía de Zula ferramentas de pedra com mais de 125 000 anos enterradas em corais antigos pelas praias do Mar Vermelho. Pinturas rupestres das épocas mesolíticas são abundantes no norte e centro do país que mostram algumas das primeiras sociedades de caçadores-colectores no mundo. A Eritreia também foi o lugar onde evoluiu o elefante conforme o paleontologista dos Estados Unidos William Sanders que encontrou no país o antecedente mais antigo do elefante, num fóssil com cerca de 27 milhões anos.
As primeiras fontes literárias onde são mencionadas estas terras são dos Egípcios de 2500 antes de Cristo e logo mais detalhadamente em 1500 antes de Cristo durante o reino da rainha Hatshepsut. Descrevem um país legendário chamado Punt rico em olíbano e mirra ao longo da costa meridio-occidental do Mar Vermelho. No século VIII antes de Cristo, aparece uma civilização urbana no planalto da Eritreia relacionada com - ou tal vez formada por uma parte do reino antigo de Sabá. Desta sociedade relacionada com os povos semíticos na Arábia meridional surge a civilização de Axum no qual é fundada a maior parte da história e cultura do país. Axum chega a ser o maior centro de poder na região do Mar Vermelho. Produz a sua própria moeda, sistema alfabético, domina as terras e o comércio da toda a região e adopta o cristianismo no século III depois de Cristo. Os europeus deste tempo chamam de Etiópia (o nome dum país mítico e legendário na literatura grega), a todas as terras pelo sul de Egipto sem distinguir entre reinos. É mencionado assim o país Etiópia frequentemente na Bíblia. Por tanto, ao adoptar o cristianismo no reino de Axum, é adoptado também o nome de Etiópia ao reino. O idioma oficial do reino é o Guez já extinto mas utilizado ainda como idioma litúrgico nas igrejas ortodoxa oriental e católica oriental da Eritreia. Na Idade média o reino cristão de Axum (Etiópia) é debilitado pelo surgimento do Islão do outro lado do Mar Vermelho; na Arábia. A costa, o norte e os matos ocidentais da Eritreia são então dominados pelos poderes árabes e logo também pelos turcos ou seja otomanos, enquanto o cristianismo permanece no planalto onde vários reinos e dinastias rivais pretendem afirmar e expandir o seu poder e ao mesmo tempo prevenir a dominação dos vizinhos muçulmanos que conhecem o(s) país(es) como Abissínia. No século XIV o apoio do Reino de Portugal aos cristãos salvou-lhes duma conquista muçulmana apoiada pelos Otomanos.
A Catedral Católica de Asmara, construída pelos italianos, em 1922.
Em 1890 a Itália estabelece a colónia da Eritreia com as fronteiras correntes do país, dando-lhe o antigo nome latino (de origem grega) do Mar Vermelho: Mare Erythraeum. O colonialismo italiano permanece até 1941, quando os italianos perdem a Segunda Guerra Mundial e o Reino Unido passa a administrar a Eritreia como seu protectorado. Devido à pressão das potências ocidentais e a seus interesses na região, a ONU decide 1952 de promover uma federação entre a Eritreia e o Reino da Etiópia. Os Estados Unidos estabelecem uma base militar na capital da Eritreia com a permissão do Imperador Hailé Selassié da Etiópia. Em 1961, o Imperador declara a federação cancelada e faz da Eritreia uma província da Etiópia. Isto marcou o começo da luta de 30 anos pela independência da Eritreia. A luta é dominada nos anos 1960 e 1970 por uma guerilha conservadora e muçulmana chamada FLE (Frente pela Libertação da Eritreia) com o apoio de países árabes contra o monarca cristão e pró-Americano da Etiópia. Em 1974, a Etiópia passa por uma revolução comunista trocando o apoio dos Estados Unidos e do Ocidente pelo da União Soviética e do Oriente. Culmina também o conflito interno entre os grupos eritreus que preferem a guerrilha conservadora muçulmana de FLE por um lado e a nova guerilha marxista da FLPE (Frente pela Libertação do Povo Eritreu) pelo outro lado, que pretende unir todos os eritreus sem discriminação nem preferência. A maior parte do apoio pelo último grupo vem dos cidadãos eritreus exiliados e termina vencendo a luta interna e levando o país à sua independência em 24 de Maio de 1991 (militarmente) recebendo reconhecimento internacional depois de um plebiscito pela ONU em 1993. Com a cooperação de FPLE, uma coligação de guerrilhas da Etiópia conseguem também derrotar o seu governo comunista e reconhecer a independência da Eritreia.
Depois de 5 anos de paz entre Eritreia e Etiópia os dois países entram num novo conflito destrutivo que dura de 1998 até 2000, desta vez por razões fronteiriças. A Corte Permanente de Arbitragem na Haia determina de novo uma interpretação dos acordos muito detalhados e quase centenários datando da época colonial, sobre a fronteira, chegando a uma decisão em Abril de 2002 aceita pela Eritréia mas não aceita pela Etiópia. Portanto a ameaça de guerra ainda persiste e a fronteira é actualmente patrulhada pelos capacetes azuis.
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